A industrialização da construção civil em franca expansão no Brasil

Industrializar a construção civil é algo que precisa ser feito com urgência no Brasil. O processo sempre foi liderado pela construção convencional, utilizando concreto, que corresponde a pelo menos 90% das obras. Além de solucionar problemas de produtividade, trazer a industrialização e a tecnologia para esse setor pode ser sinônimo de economia e mais qualidade nas obras.

A alternativa já vem sendo adotada por algumas empresas, mas ainda há muito a ser percorrido. Estruturas convencionais começam a dar espaço, cada vez mais, para as produzidas em aço (como o light steel frame) e para perfis de madeira (wood frame). A CLT (do inglês cross-laminated timber), que nada mais é do que madeira laminada cruzada e paredes de concreto moldadas no próprio terreno da obra. Incorporadas umas às outras, estas novas soluções têm revolucionado a construção civil fazendo-a virar uma verdadeira linha de montagem.

A junção das principais técnicas de cada um desses sistemas em um parque fabril, é o que caracteriza a construção modular off-site, refletindo em inúmeras vantagens: mão de obra especializada, mais precisão de custos e prazos, mais qualidade e rapidez na construção, principal benefício deste modelo de fabricação. Sustentabilidade e redução de desperdício de materiais são outros benefícios.

Na tecnologia modular, especificamente, é importante ressaltar que ela varia de acordo com o grau de industrialização utilizado, sendo referenciado de 0 a 4.

Níveis

O nível 0 caracteriza-se quando há materiais básicos para a concepção da obra in loco. O grau 1 caracteriza-se quando se tem modularização por meio de kits com instalações hidráulicas, elétricas ou de lajes pré-fabricadas.
A industrialização de processos, com presença de sistemas painelizados, fabricados em perfis de madeira ou de aço aplica-se ao grau 2.

Há também o grau 3, caracterizado pela construção modular mista, ou seja, pela unificação de subsistemas modulares colocados em conjunto. Utilizado, por exemplo, em elevadores, escadas pré-fabricadas e banheiros modulares.

Para finalizar, se tem o grau 4, que diz respeito a construção modular volumétrica e também chamada de construção 3D. Este grau permite levantar edificações em blocos, ou seja, “fatias”, que saem das fábricas praticamente prontas e são transportadas de forma individual até o local da instalação e acopladas entre si.

Na industrialização de uma obra em seu nível mais elevado, os módulos recebem instalações elétricas e hidráulicas, esquadrias, revestimentos, fachada e outras atividades necessárias para finalizar o projeto. Nesse caso, a construção é feita praticamente por inteira em um parque fabril, diminuindo a necessidade de um canteiro de obras.

Hospitais de campanha

Os hospitais de campanha, erguidos de forma rápida por conta demanda de mais leitos hospitalares para o tratamento da covid-19, podem ser citados como exemplos. Em 115 dias, foram construídos cinco hospitais que totalizaram 6.000m2.

O espaço curto de tempo para que a construtora contratada finalizasse as obras não foi um problema. Tudo porque, independentemente do local de instalação, a construção off-site e um sistema exclusivo de plug and play, desenvolvido pela própria empresa, deram mais agilidade em todo o processo.

Importante ressaltar que, neste caso, não são simples hospitais de campanha como muitos outros construídos no Brasil por conta da pandemia. Todas as unidades seguem normas técnicas recomendadas por órgãos de saúde reguladores e que continuarão sendo utilizados mesmo com o fim da pandemia.

Estes exemplos mostram que o Brasil tem avançado na construção industrializada e que tem grande potencial competitivo, com processos mais produtivos, ágeis, sustentáveis e tecnológicos.

Desafios de industrialização

A industrialização da construção traz inúmeros benefícios, mas, ainda há uma série de desafios no Brasil para que ela esteja cada dia mais presente.

Especialistas apontam que o principal empecilho para o crescimento desse modelo de construção é a tributação sobre sistemas pré-moldados. Atualmente o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que incide sobre os pré-moldados produzidos em fábricas, eleva os custos na edificação. Isso interfere quando o prazo de execução não tem relação direta com o retorno do investimento.

Outro desafio é a mão de obra qualificada. Os cursos superiores voltados para a construção civil ainda são focados no sistema tradicional, não trazendo um profissional que pense na obra de forma estratégica, analise aspectos que envolvam evolução tecnológica e novos métodos de construção, ou seja, não atende as exigências do mercado.

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